Mesmo sendo o ambiente mais frio – e um dos mais inóspitos – do globo, a Antártica pulula de vida. Centenas de micróbios se digladiam na superfície e interior das geleiras. Sob a grossa camada de gelo, no entanto, a luz do Sol não penetra há milhões de anos. Por isso, até agora, os cientistas acreditaram que a vida não existisse longe da superfície. Uma nova pesquisa mostrou que, sob as grossas camadas de gelo, há um rico ecossistema microbiano.
A península Antártica, fotografada pela NASA. Sob o gelo, mesmo sem luz, há milhares de formas de vida (Foto: NASA)
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, um grupo de cientistas conseguiu extrair vida microbiana no Lago Williams, localizado 800 metros abaixo da superfície gelada no oeste da Antártica. A descoberta foi celebrada como um avanço nas pesquisas sobre os ecossistemas polares. E foi apontada também como um avanço no campo da astrobiologia – a ciência que especula em que condições podem existir formas de vida fora da Terra.
Nas últimas décadas, a ciência descobriu que a vida é extremamente versátil – pode ocorrer em ambientes e condições improváveis. Da água superquente no fundo do oceano às cavernas geladas e submersas da Groenlândia. A existência de vida nos lagos da Antartica, segundo os cientistas, sugere que a vida pode surgir mesmo em ambientes fora da Terra aparentemente inabitáveis.
Os micróbios encontrados no lago Williams se alimentam de minerais. A descoberta levanta uma questão: “Os micróbios podem consumir rochas sob a superfície de gelo em lugares como Marte?”,escreveu na Nature o geoquímico Martyn Trater, da Universidade de Bristol. Trater não participou da pesquisa.
As cerca de 4 mil espécies de micro-organismos identificados no lago Williams são quimioautótrofos: em lugar de tirar energia da luz ou de se alimentar de outros animais, eles consomem minerais dissolvidos na água, como nitritos, ferro e compostos de enxofre. Dada a sua capacidade de sobreviver sem luz ou fontes orgânicas de energia, esses organismos podem ser um modelo de vida capaz de resistir nos lagos gelados de Europa, uma das luas de Júpiter.
Pesquisas anteriores já haviam encontrado vida sob o gelo da Antártica. Seus resultados foram postos em dúvida, no entanto, porque as amostras coletadas foram contaminadas. Para evitar que o mesmo voltasse a acontecer, os cientistas desse novo trabalho usaram água quente purificada para penetrar o gelo. O calor bastou para matar qualquer micróbio da superfície que tentasse se aventurar em meio às amostras. A água usada para perfurar o gelo foi filtrada, irradiada com raios ultravioletas e aquecida a 90°C.
Os cientistas tentarão, agora, tentar entender melhor como funcionam as interações dessas formas de vida. Em janeiro, retornarão ao Lago Williams para tentar encontrar, em outro ponto, novos e diferentes organismos.
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