O britânico David Levy acredita que no futuro humanos irão amar e transar com máquinas!!
Especialista em inteligência artificial, o britânico David Levy fala sobre a relação entre humanos e máquinas no Wired Festival. Ele é autor do livro “Amor e sexo com robôs” - Pablo Jacob / Agência
RIO - O avanço da robótica, junto com a Inteligência artificial, produzirá, no futuro próximo, máquinas avançadas capazes de se relacionar com os humanos de forma tão profunda a ponto de nos apaixonarmos e, porque não, casarmos com elas. Ao menos é isso o que defende o pesquisador britânico David Levy, autor do livro “Amor e sexo com robôs”.
— O que vai significar para a Humanidade quando a inteligência artificial for capaz de expressar emoções humanas, alcançar a consciência humana? Quando os robôs reconhecerem o que queremos falar e seguir com as conversas — questionou o pesquisador, em palestra no Wired Festival, evento realizado por Edições Globo Condé Nast e O Globo, com patrocínio da Petrobras, Embratel, Grupo Pão de Açúcar e Braskem, apoio de Cerveja Sol e apoio institucional da Cidade das Artes. — Como a sociedade vai reagir a robôs que dizem “eu te amo”?
Analisando estudos que buscam explicações sobre os motivos que levam as pessoas a se apaixonarem e buscarem o sexo, o pesquisador britânico concluiu que as relações afetivas e sexuais entre humanos e robôs serão uma realidade quando as máquinas evoluírem a ponto de interagirem de forma natural.
Como exemplo, Levy cita o afeto recíproco, um dos principais motivos que levam as pessoas a se apaixonarem. Uma pessoa é mais propensa a se apaixonar por outra se ela souber que o sentimento é mútuo. E os robôs podem ser programados a agirem dessa forma. Outro ponto importante para nos apaixonarmos é o compartilhamento de ideias e valores semelhantes.
— Um robô pode ser programado a gostar de música clássica — comentou Levy.
E o mesmo acontece com o sexo. Segundo o pesquisador, os três principais motivos que levam as pessoas a pagarem por sexo são a busca por uma variedade de parceiros, novas experiências sexuais e o prazer físico em si. E os robôs podem saciar todos esses desejos.
Algumas empresas já produzem bonecas sexuais realistas, com programas de inteligência artificial para conversar com seus donos, mas elas não possuem, ainda, sistemas robóticos para simularem movimentos.
— Mas os robôs já podem subir escadas, reger orquestras... E quando eles puderem se mover na cama como um ser humano? Qual será o efeito sobre nós? — questionou.
Para o pesquisador, a reposta é simples: os humanos irão se apaixonar e fazer sexo com os robôs. Na história recente, o mundo ocidental passou por mudanças culturais profundas na sexualidade. No século passado, por exemplo, o sexo oral era uma perversão e a homossexualidade era, e ainda é, considerada crime em muitas sociedades.
E o mesmo aconteceu nas relações afetivas. No passado, os animais eram domesticados para nos servirem, mas agora são tratados como um membro da família. E nós, humanos, já mostramos que somos capazes de criar afeição por seres virtuais, como os Tamagotchis.
— Observando essas mudanças sexuais, posso dizer que é quase certo que o sexo com produtos tecnológicos vai acontecer — previu Levy. — Pense em milhões de pessoas solitárias que existem no mundo, que sonham com relacionamentos. Para elas, a escolha será entre ter uma relação com um robô ou não ter relação.
Por isso, o pesquisador acredita que nos próximos anos parlamentos em todo o mundo terão que se debruçar sobre uma nova questão: a legalidade do casamento com robôs. E a história também mostra que essa instituição muda ao longo do tempo. Até a década de 1970, os casamentos inter-raciais eram proibidos em alguns estados americanos. O casamento homoafetivo foi outra mudança recente.
— Nós teremos que debater sobre o tipo de personalidade jurídica para os robôs — pontuou Levy. Uma pessoa com um braço protético ainda é uma pessoa; uma pessoa com um coração artificial é uma pessoa; mas uma pessoa com um cérebro artificial será uma pessoa?
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