Há algum tempo coloquei o post sobre o livro "Operação Cavalo de Troia" o qual, para minha felicidade, repercutiu bastante e agradeço a todos que o comentaram. Em duas oportunidades fui questionado sobre a história do invento da Santa Sé relativo a captação de sons e imagens do passado. Procurei muito pela matéria porque eu a havia lido muito tempo atrás em 1997, ou seja, mais de dez anos e havia citado a história de memória enquanto escrevia o texto, e achei que deveria encontrar as informações que pediam. Este é o motivo deste post. Mas, antes adentrarmos nessa fascinante história faço uma ressalva e mea culpa a todos vocês porque não se tratava de um cardeal e sim de um padre cientista e filósofo. De alguma sorte, minha memória me traiu e peço desculpas a todos, porém, não se tira o efeito da história já que não se trata de nenhum tolo e sim de um respeitado físico, falemos então do Cronovisor!
No interior da Universidade Católica del Sacro Cuore, em Milão, dois amigos realizam trabalhos técnicos de áudio sobre gravações antigas de cantos gregorianos. Um deles é o fraciscano Agostino Gemelli, fundador da própria Universidade, além de médico e psicólogo. O outro é o beneditino Marcello Pellegrino Ernetti, importante acadêmico nas áreas da música e da linguística.
Naquele dia, em meio aos cantos reproduzidos pelos equipamentos de áudio, Ernetti e Gemelli foram surpreendidos pela voz do falecido pai de Gemelli, que falava com eles através dos instrumentos. A surpresa logo deu lugar à curiosidade, e foi a partir de então que Ernetti passou a questionar qual seria o destino dos sons e das formas que a natureza produz. Estariam perdidos para sempre, ou continuariam a existir de alguma forma?
Motivado por estas questões, Ernetti reuniu em sigilo uma equipe de renomados cientistas, entre os quais se encontrava Enrico Fermi, prêmio Nobel em Física, e deu início ao trabalho de construção de uma espécie de máquina do tempo.
Seu invento se chamaria Cronovisor, que ao invés de transportar as pessoas para o passado ou o futuro, reunia e organizava sons e luzes dispersos no ambiente, dando forma em uma tela à eventos do passado, nada muito diferente do que fazem hoje os modernos telescópios.O padre Ernetti, que também era um exorcista de fama considerável, afirmou ser o cronovisor o resultado de muitos anos de estudos conduzidos por uma equipe de cientistas que, além de dele mesmo, incluíam doze outras pessoas famosas que, segundo o padre, preferiram ficar anônimas. Os únicos nomes divulgados pelo sacerdote foram os de Enrico Fermi, físico e prêmio Nobel e do cientista de foguetes Wernher von Braun.
“Antes de tudo, eu queria verificar se o que vimos era autêntico”, disse o padre Ernetti em entrevista a François Brune, teólogo francês, escritor e também amigo do monge italiano. “Então nós começamos com uma cena relativamente recente, a qual tínhamos muita documentação e filmagens: nós focamos a máquina em um dos discursos de Mussolini. Depois, nós retrocedemos ainda mais e observamos Napoleão fazendo o discurso no qual proclamava a Itália uma república. Em seguida, viajamos muito mais para trás no tempo, para a Roma Antiga. Primeiro, vimos o alvoroço de uma movimentada feira na época do imperador Trajano, depois, um discurso de Cícero, um dos mais famosos, o primeiro feito contra Catilina.” Ernetti disse haver notado pequenas diferenças na pronúncia latina do tempo de Cícero, em comparação com o latim ensinado nas escolas modernas.
Ernetti parecia ser muito reticente em dar detalhes sobre invenção da máquina. “Aconteceu praticamente por acidente …. A ideia básica era muito simples. Foi apenas uma questão de tropeçar nela.” E quem exatamente a inventou? “Nenhuma pessoa”, respondeu Ernetti. O invento havia sido uma criação conjunta, onde Fermi teve papel seminal. O padre Ernetti revelou que o cronovisor consistia de três partes. Em primeiro lugar, havia um grande número de antenas, capazes de captar todos os comprimentos de onda possíveis de luz e de som. Essas antenas teriam sido feitas de ligas formadas por três metais misteriosos. O segundo componente seria um tipo de “direcionador temporal”, ativado e impulsionado pelos comprimentos de onda de luz e som que recebia das antenas. Era possível configurá-lo para um determinado local, data ou até mesmo um personagem histórico escolhido pelo viajante do tempo. O terceiro componente seria um conjunto extremamente complexo de dispositivos de áudio e vídeo, que possibilitava a gravação de som e de imagens a partir de qualquer momento e de qualquer lugar da história.
Através da tela do Cronovisor, o padre Ernetti teria assistido à morte de Jesus Cristo na cruz, bem como à realização em Roma, no ano 169 a.C, de uma peça de teatro intitulada Thyestes, escrita por Quintus Ennius, o pai da poesia latina, e dada como perdida nos dias atuais. Ernetti e seus colaboradores, em plena transição entre as décadas de 50 e 60, estavam diante de um instrumento que poderia revolucionar a forma como hoje entendemos a cadeia de eventos da história.
Imagem do Cronovisor
Arte sobre a imagem
“No começo”, explicou Ernetti para Brune, “tentamos recuperar as imagens do dia da crucificação de Cristo. Mas tivemos um problema. Crucificações, apesar de horríveis, eram comuns na época de Cristo. Pessoas era executadas dessa forma todos os dias. Também não ajudou o fato de Cristo ter usado uma coroa de espinhos, porque, ao contrário da crença popular, não era incomum ser punido por ter uma coroa de espinhos cravada na cabeça. “
Os aventureiros do tempo se viram obrigados a voltar mais alguns dias para o passado, até chegarem à última ceia de Jesus. “Nós vimos tudo”, disse o padre Ernetti. “A agonia no jardim, a traição de Judas, o julgamento, o Calvário” A equipe do cronovisor, supostamente filmara a experiência: “Nós filmamos, perdemos alguns detalhes, é claro, mas filmamos a Paixão de Cristo.”
Entretanto, não há nenhum vestígio do filme. Nunca houve uma única prova “objetiva” a não ser a suposta fotografia de Jesus. Poucos meses após a sua publicação, no entanto, em agosto 1972, Giornale dei Misteri publicou uma carta e uma foto enviadas pelo leitor Alfonso De Silva. Ele explicava que havia comprado a foto por 100 liras na loja de presentes do Santuario dell’Amore Misericordioso (Santuário do Amor Misericordioso), na cidade de Collevalenza, perto de Todi e Perugia. Era uma fotografia do rosto de Cristo esculpido por um escultor espanhol chamado Cullot Valera. Ninguém poderia negar que elas eram iguais, nem mesmo o Padre Brune, que pediu a seu amigo esclarecimentos sobre o assunto.
Ernetti explicou que estava ciente da outra foto, ciente de que era um trabalho de um escultor espanhol. O Padre Ernetti garantiu que Valera havia esculpido o seu Cristo de acordo com as instruções de uma determinada freira espanhola, uma mística que carregava os estigmas de Cristo em seu corpo e que era consumida por visões da Paixão de Cristo. Portanto, as duas fotografias eram idênticas porque ambas retratavam de forma exata de Jesus Cristo.
No entanto, em 1994, décadas após a construção do Cronovisor, foi convocada uma reunião nos salões do Vaticano. Ali estiveram presentes a mais alta hierarquia papal, o padre Ernetti e os últimos cientistas ainda vivos que haviam trabalhado na construção do aparelho, para ouvir e acatar a ordem de desmontar definitivamente a máquina do tempo, e espalhar suas partes em diversas localidades secretas para que, num futuro, fosse novamente montada e utilizada para fins elevados.
Em 1997 foi lançado o livro Dein Schicksal ist vorherbestimmt: Pater Ernettis Zeitmaschine und das Geheimnis der Akasha-Chronik (Seu Destino está Decidido: A Máquina do Tempo do Padre Ernetti e o Mistério dos Registros Akáshicos), do autor Peter Krassa, discípulo do cientista Erich von Däniken. Nesta obra Krassa explora e sustenta a veracidade dos acontecimentos que envolvem o Cronovisor.
O ecletismo se tornou a marca do padre Ernetti. Como músico, desenvolveu seus estudos em torno das manifestações musicais pré-Cristãs. Seu projeto do Cronovisor o levou ao estudo da física quântica. Suas experiências como exorcista foram reunidas em um livro de sua autoria, intitulado Os Gostos e os Desgostos do Diabo. Ernetti é até hoje o exorcista mais famoso da região de Veneza, onde morreu em abril de 1994..
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